FOUCAULT E A DEFINIÇÃO DE FILOSOFIA COMO REFLEXÃO SOBRE A VERDADE
1 – A FILOSOFIA É UMA REFLEXÃO SOBRE O CONHECIMENTO E SOBRE A VERDADE
A filosofia * sempre esteve ligada no Ocidente ao problema do conhecimento. Não se escapa disso. Quem se pretender filósofo e não se colocar a questão “o que é o conhecimento?” ou “o que é a verdade?”, em que sentido se poderia dizer que é um filósofo? E mesmo que eu diga que não sou filósofo, se for da verdade que me ocupo, eu sou apesar de tudo filósofo.
FOUCAULT, Michel. Sobre a geografia. In: Microfísica do poder.Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.p. 156.
Chamemos de "filosofia", se quisermos, esta forma de pensamento que se interroga * sobre o que faz com que haja e possa haver verdadeiro e falso, sobre o que nos torna possível ou não separar o verdadeiro do falso. Chamemos "filosofia" a forma de pensamento que se interroga sobre o que permite ao sujeito ter acesso à verdade, forma de pensamento que tenta determinar as condições e os limites do acesso do sujeito à verdade.
FOUCAULT, Michel. A hermenêutica do sujeito. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p.19.
2 – A FILOSOFIA É UMA POLÍTICA DA VERDADE, ISTO É, UM QUESTIONAMENTO - E UMA CONSEQUENTE PRÁTICA TRANSFORMADORA - DAS RELAÇÕES ENTRE VERDADE E PODER NAS SOCIEDADES
A filosofia, isto é, * a política da verdade, porque não vejo muitas outras definições para a palavra “filosofia” além dessa. Trata-se de política da verdade. Pois bem, na medida em que se trata disso, e não de sociologia, não de história nem de economia, vocês veem * os efeitos de saber que são produzidos * pelas táticas de poder.
FOUCAULT, Michel. Segurança, território, população. São Paulo: Martins Fontes, 2008.p.5.
Existe uma questão tradicional * da filosofia * e que se poderia formular assim: * como a filosofia, entendida como o discurso por excelência da verdade, pode fixar os limites de direito do poder? Essa é a questão tradicional. Ora, o que eu queria formular é * que * não há exercício de poder sem * discursos de verdade que funcionam neste poder, a partir e através dele.
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.p. 28.
3 – A FILOSOFIA QUESTIONA A RELAÇÃO ENTRE A VERDADE E O COMPORTAMENTO DAS PESSOAS NA SOCIEDADE
O que é a filosofia senão uma maneira de refletir * sobre nossa relação com a verdade? * É preciso acrescentar; ela é uma maneira de perguntarmos: se esta é a relação que temos com verdade, como devemos nos conduzir? Acredito que se fez e que se faz atualmente um trabalho considerável e múltiplo, que modifica simultaneamente nossa relação com a verdade e nossa maneira de nos conduzirmos.
FOUCAULT, Michel. O filósofo mascarado. In: Ditos e escritos II. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005. p. 305 e 306.
4 – PARA FOUCAULT, A VERDADE SEMPRE MANTÉM ALGUMA RELAÇÃO COM O CONTEXTO SOCIAL, POLÍTICO E HISTÓRICO EM QUE SURGIU; ASSIM, FOUCAULT RELATIVIZA INTENSAMENTE A VERDADE, E CONSIDERA QUE, ALÉM DE SUA PRÓPRIA FILOSOFIA, TODAS AS OUTRAS FILOSOFIAS TÊM EM SEU INTERIOR, EM MAIOR OU EM MENOR GRAU, ALGUMA BUSCA DE RELATIVIZAÇÃO DA VERDADE
A verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças a múltiplas coerções e nele produz efeitos regulamentados de poder. Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua “política geral” de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instâncias que permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se sanciona uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para a obtenção da verdade; o estatuto daqueles que têm o encargo de dizer o que funciona como verdadeiro.
FOUCAULT, Michel. FOUCAULT, Michel. Verdade e poder. In: Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979. p. 12.
5 – AO RELACIONAR SABER E PODER, A FILOSOFIA QUESTIONA O DISCURSO QUE CADA SOCIEDADE CHAMA DE “VERDADE”; POR ISSO, É SEMPRE POSSÍVEL QUE A FILOSOFIA EXERÇA UM PAPEL POLÍTICO SUBVERSIVO E TRANSFORMADOR DENTRO DAS SOCIEDADES EM QUE É PRATICADA
O filósofo não tem papel na sociedade. Não se pode situar seu pensamento em relação ao * grupo. Sócrates é um excelente exemplo: a sociedade ateniense pôde apenas lhe atribuir um * papel subversivo, seus questionamentos não podiam ser admitidos pela ordem estabelecida.
FOUCAULT, Michel. O que é um filósofo. In: Ditos e escritos II. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.p. 34.
Em nossas sociedades * a verdade tem cinco características historicamente importantes: (1) a “verdade” é centrada na forma do discurso científico e nas instituições que o produzem; (2) está submetida a uma constante incitação econômica e política (necessidade de verdade tanto para a produção econômica, quanto para o poder político); (3) é objeto, de várias formas, de uma imensa difusão e de um imenso consumo (circula nos aparelhos de educação ou de informação, cuja extensão no corpo social é relativamente grande *); (4) é produzida e transmitida sob o controle, não exclusivo, mas dominante, de alguns grandes aparelhos políticos e econômicos (universidade, exército, escritura, meios de comunicação); (5) enfim, é objeto de debate político e de confronto social (as lutas ideológicas). *
O problema político essencial para o intelectual * é saber se é possível constituir uma nova política da verdade. O problema * é mudar * o regime político, econômico, institucional de produção da verdade.
Não se trata de libertar a verdade de todo sistema de poder – o que seria quimérico na medida em que a própria verdade é poder -mas de desvincular o poder da verdade das formas de hegemonia (sociais, econômicas, culturais) no interior das quais ela funciona no momento.
FOUCAULT, Michel. Verdade e poder. In: Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979. 13 e 14.
* O asterisco indica que uma parte do texto original acima foi suprimida com finalidade didática, para que o conteúdo apresentado ao aluno fique mais claro.
LIDERANÇA POLÍTICA E DOUTRINAÇÃO DA VERDADE:
MÍDIA COMO INSTRUMENTO TECNOLÓGICO DE INTERNALIZAÇÃO DAS VERDADES ESTABELECIDAS:
IMPOSIÇÃO DAS VERDADES DE GÊNERO:
MODOS DE MANIFESTAÇÃO DA VERDADE: RELIGIÃO, MORAL, CIÊNCIA:
FOUCAULT (1926-1984), FILÓSOFO FRANCÊS:
Minidocumentário sobre Foucault: aqui o link
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Michel Foucault, filósofo francês que sempre assumiu sua homossexualidade, morreu em 1984 de HIV, numa época em que a doença estava apenas começando a se difundir e não era plenamente conhecida e compreendida.
EDUCAÇÃO PARA A INTERNALIZAÇÃO DAS VERDADES ESTABELECIDAS:
EDUCAÇÃO "SEM PARTIDO" PARA A INTERNALIZAÇÃO DAS VERDADES ESTABELECIDAS:
GUERRA CULTURAL OU LUTA ENTRE AS VERDADES:
ARTICULAÇÃO POSSÍVEL ENTRE VERDADES HETEROGÊNEAS:
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